Ucanha: Um Lugar no Douro que Parece Fantasia
A Região
2018-06-27
Ucanha é uma antiga freguesia portuguesa do concelho de Tarouca, hoje em dia uma aldeia vinhateira do Douro. Ucanha está localizada na margem direita do Rio Varosa e será, de acordo com algumas tradições, a vila mais antiga das redondezas. A origem do seu nome pode estar relacionada com um casebre ou lugar de diversão.
Só por curiosidade, nesta pequena aldeia perdida no Douro, nasceu o célebre filólogo e etnólogo José Leite de Vasconcelos, falecido em 1941 e o santo padroeiro da terra é São João Evangelista.
Um passeio sereno com monumentos bonitos e interessantes e paisagens sobre as também pacificadoras vinhas do Douro, é o convite mais delicioso que esta aldeia de sonho lhe faz, onde o espaço cultivado e as poucas casas habitadas lhe dão a certeza, numa das mais belas regiões do país, da tranquilidade que um visitante cansado do frenesim da cidade pode encontrar.
A Torre e a Ponte de Ucanha são joias raras do património edificado, sendo esta última considerada a mais bela ponte medieval de Portugal. A torre terá sido erguida em 1465, a mando do Clérigo D. Fernando. Por ordem deste abade foi erigido, em 1472, um hospital nas proximidades da ponte, para auxílio dos pobres e viajantes, possivelmente no local onde hoje se mantém uma porta de cariz medieval.
A ponte está à entrada do antigo couto de Salzedas e do seu famoso e velhinho mosteiro. A mágica travessia está ali por várias razões: em primeiro lugar, porque defendia o couto monástico, depois porque era uma demonstração do poder senhorial dos abades de Salzedas, facilitando também a cobrança dos direitos de portagem que foram extintos no século XVI. Consegue, pois, imaginar as muitas e interessantes histórias do quotidiano de outros tempos que por ali já se viveram.
A zona do vale, enquadrada pelas colinas arborizadas da Serra de Santa Helena, são outro local onde sonhar é a palavra de ordem. Tudo é possível quando sabemos que ainda existem recantos assim no nosso Portugal. Entre a ponte de Ucanha e a ponte nova existe uma ínsua, usada como praia fluvial. Quando está bom tempo, é um ótimo refúgio para um lanche ou um copo de Vinho do Porto pela tardinha. Acredite que este é um local tão de fantasia que vai desenvolver uma ainda maior compaixão pelos outros, por si, pela Natureza e, logo, por todos os aspetos da sua vida.
As poucas pessoas que daqui fazem morada (cerca de 400), vivem, essencialmente, da agricultura, especialmente a vitivinicultura, a principal forma de subsistência. A baga de sabugueiro, muito encontrada nestas ruas estreitinhas, possui um peso enorme na economia familiar.
Os primeiros povos que aqui se instalaram foram os romanos, que aproveitaram as terras férteis do vale do Varosa e criaram pequenas explorações agrícolas. Ainda hoje se pode ver uma das principais vias da romanização que conduzia a Braga. Este é o exemplo da empatia, generosidade, compaixão e respeito que os ucanhenses têm pela sua história. Séculos mais tarde, foram os monges da Ordem de Cister que acompanharam o desenvolvimento da, outrora, vila de Ucanha.
Também deve visitar as ruínas românicas de Salzedas, no local de Abadia Velha, a Igreja Paroquial de Ucanha e património integrado e o conjunto de casas da Judiaria antiga. Todo o passeio tem de ser feito a pé, pois é fundamental apreciar as cores e ambientes de harmonia que aqui vai testemunhar ao caminhar nas suas ruas estreitas. Não receie perder-se. Aqui só há a rua Principal, rua Direita ou simplesmente Rua, por se tratar da única!
Aproveite, igualmente, para espreitar as Caves da Murganheira para poder apreciar o seu famoso espumante.
Dado este cenário tão belo, no nosso Douro Encantado de 3 dias, não podíamos deixar de passear por esta magnífica terra. No segundo dia de viagem, passamos de Lamego para esta perdida aldeia, desfrutando de um belíssimo passeio e de um delicioso almoço regional num típico restaurante local. Uma experiência a não perder, não acha?
Se já fez uma aula de yoga ou meditação, a palavra namasté tem, certamente, um sentido especial. Depois desta viagem, vai dar por si a dizê-la também. O seu significado é: o espírito divino em mim reconhece e respeita o espírito divino em ti. Celebre em Ucanha o poder da Natureza que, dia após dia, pinta aqui imagens de beleza.