Barcos Rabelo - História. Cruzeiros Douro

Barco Rabelo - História e Curiosidades

História e Curiosidades

2021-06-28

Quem passa pelas margens do Rio Douro no Porto ou Vila Nova de Gaia, certamente não ficará alheio aos pequenos barcos de madeira que aí se encontram. Os famosos Barcos Rabelos apelam à tradição, apelam à Antiguidade, apelam à bravura e coragem do povo português. Os Barcos Rabelos são História. Talvez História que pouca gente conhece… Bem-vindos ao mundo dos Barcos Rabelos!

História do Barco Rabelo

Antes da criação das estradas e dos caminhos-de-ferro, as longínquas e remotas quintas do Vinho do Porto eram apenas acessíveis através do Rio. Era aqui que se fazia o delicioso Vinho do Porto, o ouro de Portugal durante muito tempo, e não podia ficar aqui esquecido. Tinha de ser mostrado ao Mundo. Tinha de ser apreciado pelo mundo. E, assim, os Barcos Rabelos tiveram um papel preponderante na dignificação deste delicioso Vinho Português.

 

A origem destas embarcações encontra-se diluída no tempo. Conhecem-se relatos que o situam no rio Douro em época tão longínqua quanto o século XIII, mas só em 1792 é que a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro publicou os alvarás relacionados com a embarcação, determinando os seus limites de carga e as horas de navegação (era proibido, por exemplo, navegar durante a noite). 

 

Nesta época, o Rio Douro fervilhava de fúria. Com cólera e raiva inigualáveis, só descansava quando chegava ao mar. Até as barragens começarem a ser construídas na década de 70, este rio traiçoeiro tinha uma corrente rápida e turbulenta. Por isso, as suas águas exasperadas corriam altivas, sem pena de quem pudessem deixar para trás. E foram estas mesmas águas que os Barcos Rabelos romperam, foram estas mesmas águas que corajosos marinheiros portugueses atravessaram.

 

Se, para descer o rio todas as correntes (e santos) ajudavam, para o subir tinha de se contar com a força dos animais e dos homens que, a partir da margem, puxavam com a ajuda de cordas. Tempos difíceis e suados que a construção da linha de caminho-de-ferro e das barragens (nomeadamente a Barragem do Carrapatelo, em 1972) veio aligeirar.

 

 

Características do Barco Rabelo 

O Barco Rabelo é considerado uma obra-prima para aquele tempo e algumas de suas principais características estão ligadas com o seu desenho e o nome dado para cada embarcação.

 

Desenho próprio para as correntes

Sendo um barco feito para manobrar em rio de montanha e desenhado para conseguir sobreviver às correntes rápidas do rio Douro, o Barco Rabelo não apresenta quilha, mas um fundo chato construído com tábuas sobrepostas.

Estas características aproximam-no mais da tradição náutica do Norte da Europa do que com a zona do Mediterrâneo. Com um comprimento entre 19 a 23 metros, podia transportar entre 40 a 100 pipas de Vinho do Porto e uma tripulação até 12 homens. Para a sua construção não existiam estaleiros fixos; as embarcações eram montadas em praias próximas de quem encomendava a obra.

 

Barcos com nomes religiosos

Os homens que os conduziam, marinheiros bravos, eram homens de fé. Na verdade, só com uma crença inabalável e a certeza da proteção divina conseguiam ter a coragem necessária para partir para tais fatídicas jornadas, sempre com a incerteza se voltariam a pisar terra firme. 

 

Havia viagens incrivelmente calmas, mas quando o barco era apanhado pela corrente enfurecida nada mais havia a fazer do que confiar no destino e deixar-se levar, rezando a Deus ou aos Deuses.

 

Assim, numa tentativa das suas preces chegarem mais rapidamente aos Céus, era costume dar-se nomes religiosos aos Barcos Rabelos e foram edificados muitos santuários e desenhadas maravilhosas pinturas nos penhascos com vista para os desfiladeiros mais perigosos. Muitas vezes não foram suficientes mas deram, pelo menos, confiança à tripulação. Esperança…

 

 

Apesar de serem homens fortes e habilitados a navegar, muitas vidas foram perdidas neste rio, incluindo a do Barão Forrester que faleceu em 1861, afogado com o seu lendário cinto de dinheiro cheio de ouro. Há quem diga que foi dos primeiros a afogar-se devido ao volumoso peso do cinto.

 

No entanto, malgrado estas águas impiedosas, muitos Rabelos chegaram a bom porto e milhares de barris conseguiram chegar às frescas Caves do Vinho do Porto. A partir daqui, o Vinho do Porto foi enviado para o mundo!

 

Quando o Barco Rabelo deixou de ser usado?

A primeira via ferroviária do Douro foi terminada em 1887. Começou a cair, a partir de então, o legado do Barco Rabelo, já que o rio deixou de ser a única opção para o transporte de mercadorias.

 

Mas, mesmo assim, estes barcos não caíram em desuso durante décadas. Aliás, crê-se que a última viagem de um Rabelo para transporte de pipas de vinho pelo rio Douro tenha ocorrido já em 1971. Atualmente, o Vinho do Porto é transportado da Região Demarcada do Douro para as caves de Vila Nova de Gaia através de modernos camiões-cisterna.

 

 

Hoje em dia, os tradicionais rabelos continuam a embelezar o Rio Douro. No entanto, apenas existem como suportes de publicidade ou para a realização de passeios turísticos. 


Um cruzeiro pelas margens de Porto e Vila Nova de Gaia, em réplicas destes barcos, vale bem a pena e é uma experiência obrigatória para quem visita a cidade do Porto.

 

Convidamo-lo, assim, a embarcar no Cruzeiro das 06 Pontes e a desfrutar da beleza natural das margens do rio Douro, num relaxante passeio panorâmico em barco típico rabelo, com a duração de 50 minutos. É uma excelente oportunidade para apreciar as Pontes que unem Porto e Vila Nova de Gaia e o precioso património histórico do Porto de ambas as cidades. Será, com toda a certeza, um momento para mais tarde recordar! 

 

Curiosidades do Barco Rabelo

E no dia de São João, 24 de junho, realiza-se um dos mais aguardados eventos do ano: a chamada “Regata de Barcos Rabelos”. A Confraria do Vinho do Porto organiza anualmente esta “corrida” de barcos rabelo, de modo a perpetuar na memória as formas de vida que deram origem ao que é hoje o Douro e a sua região vinhateira (classificada como Património da Humanidade, na categoria de paisagem cultural).


A viagem inicia-se na foz do rio Douro e termina na Ponte Luiz I, do lado de Vila Nova de Gaia. Todos os anos, as embarcações ali ancoradas ganham novo fôlego e o rio sente de novo o fervilhar de vida e de gente. Um evento que embeleza ainda mais as margens do Douro e ajuda a manter viva esta História tão orgulhosamente portuguesa.

 

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