Um Roteiro de Páscoa para Descobrir um "Outro" Douro
Dicas e Sugestões
2018-03-22
Nesta Páscoa, aproveitar um cruzeiro que atravessa três destinos menos conhecidos da região do Douro pode muito bem ser uma tradição que as mais recentes gerações venham a adotar. Aproveitando o nosso cruzeiro entre Régua e São João da Pesqueira, uma das nossas grandes novidades para 2018, vai passar a Páscoa num relaxante fim de semana prolongado a passear com a família por locais menos explorados do Douro.
Em primeiro lugar, é imperativo parar e apreciar a primavera a chegar a Peso da Régua, cidade no distrito de Vila Real, situada junto ao rio Douro, e considerada a capital da região demarcada na qual é produzido o conhecido Vinho do Porto.
A chegada da Primavera provoca um sentimento de felicidade, talvez inspirado pelas flores que dão um colorido à paisagem, ou pelo tempo ameno, com mais horas de sol que convidam a mergulhar na Natureza. O concelho da Régua, que tem a Serra do Marão nas suas costas, é o local perfeito para se perder de amores por esta sensação de felicidade de que os especialistas tanto falam, já que a paisagem envolvente da Régua é de uma enorme beleza, banhada pelo Rio Douro, acompanhada pelas vinhas nas suas margens íngremes e pela vista a partir dos miradouros da região.
Aqui bem perto, pode visitar, também, os Jardins e o Palácio de Mateus, construído no séc. XVIII, e, no regresso desta viagem de descoberta, passe pela Rua dos Camilos e compre um saquinho de rebuçados da Régua, em alternativa às costumeiras amêndoas da Páscoa.
A cidade deve o seu desenvolvimento ao Marquês de Pombal que, em 1756, criou a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, mandando-a delimitar com marcos de granito. A história da cidade remete para a época em que fora um entreposto comercial de onde partiam e chegavam os Barcos Rabelos. O vinho que transportavam ia até Vila Nova de Gaia onde, posteriormente, envelhecia nas caves.
Neste cruzeiro vai, também, passar por outro local perdido no tempo. Trata-se da Estação Ferroviária de Ferradosa, uma antiga interface ferroviária da Linha do Douro, que servia a localidade de Ferradosa, no concelho de São João da Pesqueira, em Portugal. Deixou de ser utilizada quando o traçado da linha férrea foi alterado, devido à construção da Barragem da Valeira.
As dificuldades inerentes à construção inicial, motivadas pelo desfiladeiro do Rio Douro e pelas margens escarpadas, implicaram a construção daquelas que, hoje, encaramos como autênticas obras de arte. A ponte original da Ferradosa, que atravessava o rio em diagonal, também vale a pena ser vista e observada com detalhe, dada a vida que teve no final do séc. XIX, princípio do séc. XX.
A Quinta da Ferradosa convida, precisamente, a um passeio em família, independentemente da idade dos filhos e netos, já que a palavra que melhor a caracteriza é: tranquilidade. A vista é deslumbrante, acompanhada de temperatura amena, e convida a descansar, apanhar ar, comer bem e com tempo.
Fechamos este nosso fim de semana prolongado em São João da Pesqueira, uma vila portuguesa no Distrito de Viseu, apenas com cerca de 2.000 habitantes a 850 metros de altitude.
O município é limitado só por terras de sonho: a norte pelo Douro e o município de Alijó, a nordeste por Carrazeda de Ansiães, a leste por Vila Nova de Foz Côa, a sueste por Penedono, a sul por Sernancelhe, a oeste por Tabuaço e a noroeste por Sabrosa. Neste tempo, as flores vão começar a abrir nas horas em que o sol está no seu ponto mais alto, ou seja, por volta das 10h30 até as 15h30.
Classificado em 2001 como parte integrante do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial, o concelho de São João da Pesqueira, está envolto numa paisagem única, natural e construída, mas, naturalmente, pintada com as cores da cultura da vinha e do vinho, e pelo movimento das populações que diariamente ali trabalham.
De passagem imperdível é o Santuário de São Salvador do Mundo que faz parte de um conjunto de capelas construídas a partir de finais do séc. XVI, que se dispõem desde a base até ao cume do Ermo. Cada uma destas capelas, consideradas parte integrante de um riquíssimo património religioso, pretende recriar os passos de Jesus em Jerusalém a caminho do Calvário. As capelas têm no interior esculturas de tamanho natural representativas das cenas da Paixão de Cristo.
A construção destas capelas terá sido iniciada pelo Frei Gaspar da Piedade, após uma viagem a Roma e Jerusalém, durante a qual escapou a um naufrágio. Em agradecimento, decidiu edificar este santuário, por ter vista para um dos locais mais perigosos do rio Douro.
Do Santuário consegue observar-se uma paisagem fantástica sobre o Rio Douro e a barragem da Valeira, por isso, torna-se também um destino de eleição mesmo para quem não é crente e só quer ter um fim de semana de renovação e recuperação ao ar livre. A primavera está aí… só falta aproveitá-la bem!